A pirâmide do louvre

A pirâmide do louvre

Em 1981, o então Presidente da França François Mitterrand lança um projeto chamado o “Grande
Louvre”. O objetivo era transformar todo o Palácio do Louvre em Museu. Até então, uma ala grande
do Palácio, a ala Richelieu, abrigava o Ministério das Finanças. A ideia era transferir o Ministério para
outro lugar (Bercy), aumentar o espaço de exposição das obras e modernizar e melhorar o acesso do
público ao Museu. Além disso, Mitterrand queria transformar a Praça Napoleão em um lugar
agradável para receber os milhões de turistas que visitam o Louvre todos os anos. Nessa época, a Praça
central do Louvre era um estacionamento, um lugar pouco atrativo para os visitantes.

O arquiteto norte-americano de origem chinesa, Ieoh Ming Pei, foi o escolhido para a realização do
projeto. O arquiteto começou estudando a história do Louvre e sua disposição no espaço. Segundo ele,
a antiga disposição do Louvre, em formato de L, deixava o Museu pouco atrativo às visitas. Se a ala
Richelieu fosse liberada, o Louvre ganharia então a forma de U e a entrada principal seria construída
no centro de gravidade, ou seja, no pátio principal (Cour Napoleon). E para que essa entrada
subterrânea não parecesse à entrada de um metrô, era preciso um grande volume que permitisse a
entrada de muita luz.

Qual forma dar a uma estrutura moderna instalada bem no centro do Patio Napoleão? De preferência
uma forma simples, presente na natureza e que tenha um valor simbólico. Uma estrutura discreta que
“desapareça” diante das fachadas do Palácio. Uma estrutura que, apesar de grande, não esconda a
arquitetura clássica do Museu. Ele escolhe então uma estrutura de forma piramidal, construída em
vidro e metal.

Segundo François Mitterrand, era preciso adaptar os antigos monumentos ao tempo moderno. Porém,
a implantação de um elemento de arquitetura contemporânea parecia completamente fora de lugar em
frente ao Museu do Louvre. Esse projeto dividiu a opinião pública e causou discussões acaloradas. Os
debates se traduziram politicamente entre uma batalha de direita e esquerda. De um lado, alguns
julgavam que uma arquitetura tão moderna não poderia ser colocada bem do meio de uma arquitetura
clássica. Outros, entretanto, apreciavam essa mistura de antigo e moderno.

A etapa mais difícil foi a da apresentação do projeto à Comissão Superior dos Monumentos Históricos,
que deveria obrigatoriamente dar a sua opinião antes do trabalho começar. O arquiteto I. M. Pei, que
não tinha o hábito de participar desse tipo de comissão, foi prevenido que provavelmente receberia
muitas críticas vinda de arquitetos e inspetores, mas que isso não impediria a continuação do projeto.
Do outro lado estavam os participantes da comissão e jornalistas. Antes do debate começar, I. M. Pei
apresentou o seu projeto. Os que estavam presente não respeitaram a apresentação. Conversavam,
riam, faziam piada ou gritavam: “Dallas não é aqui!”. Em um determinado momento, as críticas foram
tão grandes e tão desrespeitosas, que a tradutora que estava auxiliando Pei, interrompeu a tradução,
ficou em silêncio e começou a chorar.
Felizmente, os Conservadores do Museu do Louvre apoiaram massivamente o projeto. Para eles, esse
projeto era a ocasião de obter os meios que faltavam ao museu e permitiria melhores condições para
acolher o público. O apoio dos Conservadores foi precioso e muito reconfortante para Pei.

Outro elemento decisivo foi a apoio dado pela prefeitura de Paris. Porém, o prefeito da época, Jacques
Chirac, disse que antes de se pronunciar oficialmente ele queria ver, em tamanho natural, como ficaria
a Piramide no meio do Patio. Então, fizeram uma simulação : uma grua sustentava uma estrutura
metálica da mesma forma e tamanho da futura piramide. Jacques Chirac, enquanto analisava o
projeto, estava cercado de pessoas que diziam o tempo todo : “é impossível, é insuportável”. Mas no
final ele declarou a imprensa que o projeto lhe parecia conveniente. A partir desse momento, o aspecto
político da batalha estava encerrado: poderíamos admirar o projeto sem ser, necessariamente, inscrito
no partido socialista.

A estrutura, que foi construída inteiramente com segmentos de vidro, atinge uma altura de 21,64 m, a
sua base quadrada tem cerca de 35 m de lado. É constituída por 673 peças de losangos. Porém, existe
um mito que diz que a Pirâmide é coisa do diabo! As teses conspiratórias se apoiam no primeiro
projeto da Piramide, que citava o numero de 666 placas de vidro. Porém, o numero oficial é de 673.

Hoje o monumento é muito apreciado pelos visitantes do museu. Depois da Monalisa e da Vênus de
Milo, a Pirâmide é o local favorito dos turistas para tirar fotos. Construída para melhorar o
acesso ao museu e facilitar a organização dos visitantes ela foi originalmente criada para receber 4,5 milhões de pessoas por ano mas em 2014 recebeu mais de 9 milhões de pessoas.  Por isso passou por uma reestruturação em 2016 para receber um número maior de visitantes 

COMO ACESSAR
Museu do Louvre, Paris, 75001
Metrô:
Palais-Royal – Musée du Louvre (linhas 1,7)
Ônibus: n° 21, 24, 27, 39, 48, 68, 69, 72, 81, 95

Helena Ribeiro
contato.vivaparis@gmail.com

Helena Ribeiro é a guia brasileira por trás do Viva Paris! Ela faz visitas guiadas no Museu do Louvre e Museu d'Orsay além de passeios a pé pelas ruas e bairros da capital francesa.